14/10/13

Lapas assadas ou o sabor das férias

lapas assadas (preparativos)

Desde que me lembro de existir que as minhas férias sabem sempre a mar. Os dias passados na praia do Almoxarife, os pés enterrados na areia preta, os mergulhos no mar límpido... E, ao fim da tarde, no regresso a casa, nada como uma refeição de lapas assadas para recuperar energias.

Cá em Lisboa não compro lapas, mas este ano, para podermos “matar o desconsolo” trouxemo-las na bagagem, compradas bem frescas, depois congeladas e lá vieram muto bem acondicionadas. Hoje, foi o dia de juntar a família para partilharmos uma refeição que cheira a mar e que me fez recordar as férias.  

Ingredientes:

2 quilos de lapas
125 g de manteiga (dos Açores, é claro!)
3 dentes de alho
1 colher de chá de massa de malagueta (ou picante a gosto)

Passar as lapas por água para retirar alguma areia que possam ter. Dispô-las num tabuleiro ou num pirex, sem as sobrepor. Derreter a manteiga no microondas (atenção: para não deixar queimar, não ligue o microondas no máximo, use uma temperatura baixa). Á manteiga derretida juntar a massa de malagueta e os dentes de alho previamente picados. Deitar essa mistura por cima das lapas. Levar as lapas ao forno cerca de 8 minutos a 200 graus (eu normalmente falo com o grill ligado, mas não é obrigatório).

As lapas quando passam do ponto ficam com consistência de borracha, o truque para não deixá-las cozer demasiado é simples: assim que começam a descolar da casca é retirá-las imediatamente do forno, pois estão cozinhadas no ponto, assegurando-se a sua suculência.

lapas assadas 1


A refeição foi acompanhada por um vinho que adoro e que, embora produzido aqui em Lisboa, no Cadaval, me faz lembrar os Açores, ou não fosse ele um verdelho. A combinação das lapas com este vinho da Quinta do Gradil, foi simplesmente perfeita. É uma edição limitada, de 2012, mas espero que voltem a repetir, não só pelas boas memórias que me despertou, mas também pela qualidade deste verdelho que casa muito bem com peixes e mariscos. 

29/09/13

Panquecas de farinha de coco e curguete para o Dia Mundial do Coração

panquecas farinha coco (composição)

Hoje, comemora-se o Dia Mundial do Coração e, aceitando o desafio da Bonsalt, aqui vos deixo uma receita adequada à ocasião. Relembrando que uma alimentação saudável é fundamental para ajudar a prevenir doenças cardiovasculares, sugiro uma receita de panquecas para comer sem peso na consciência, mas consistente q.b. para um pequeno-almoço ou lanche bem saciante. 

Ingredientes (para 6/8 panquecas):

40 g de farinha de coco
1 curgete pequena (150 g)
4 ovos médios
Salsa picada
Uma pitada de Bonsalt*
Pimenta moída q.b.

Ralar a curgete e retirar a água - embrulhar a curgete ralada num tecido ou pano de algodão fino e espremer até retirar o máximo de água. Peneirar a farinha de coco, juntar os ovos, a curgete ralada e a salsa picada. Temperar com Bonsalt e pimenta. Levar ao lume uma pequena frigideira (12 cm de diâmetro) anti-aderente untada com azeite, quando estiver bem quente deitar cerca de 1 colher e meia da massa dos panquecas. Bastam 2 ou 3 minutos de cada lado para os panquecas estarem cozinhados, adquirindo aquela cor dourada tão característica. 

Estas panquecas salgadas são óptimas para comer com queijo fresco, requeijão ou carnes frias - optei por um queijo de cabra fresco. 

*O Bonsalt é um substituto do sal, sem sódio, aconselhado a pessoas que sofrem de hipertensão arterial ou desejam moderar a ingestão de sal. 

25/09/13

Rota das Tapas - 2.ª edição: Vamos provar novos petiscos?




Até 6 de Outubro, está a decorrer a segunda edição da Rota das Tapas, promovida pela marca de cerveja catalã Estrella Damm. Dado da estreia (Maio de 2013), agora a Rota estende-se a Alfama (além do Príncipe Real e Bairro Alto), envolvendo 35 restaurantes e bares.

Eu preferia que se chama-se Rota dos Petiscos, afinal as sugestões apresentadas pelos vários restaurantes e bares que fazem parte deste evento são na sua maioria inspiradas na gastronomia portuguesa. Moelas à Duetos (Duetos da Sé), Bolinhas de alheira (Alfândega), Filetes de cavala (Aqui há Peixe), Linguiça com mel e sésamo (Caso Sério), são alguns dos petiscos que podem experimentar... Se já estão com água na boca (eu já estou!), não hesitem, peguem no mapa desta Rota (disponível nos restaurantes participantes) e partam à aventura. Levem os amigos, pois esta experiência em grupo, entre conversas e gargalhadas, é muito mais divertida!

Já sabem: por apenas 3 euros podem degustar 1 tapa, acompanhada por uma Estrella Damm.  Não se esqueçam de levar o mapa da Rota convosco e de carimbá-lo em cada “capelinha”: bastam 3 carimbos, e votar na vossa tapa favorita, para se habilitarem a ganhar uma viagem a Barcelona, com jantar no Tickets, do chefe Albert Adrià. Vejam mais informações aqui




A apresentação da Rota das Tapas foi feita no Restaurante Duetos da Sé, onde Carlos Lala fez um showcooking e pudemos degustar algumas das suas especialidades: Moelas à Duetos, peixinhos da horta, crocante de morcela com maçã caramelizada, queijo de cabra gratinado, ovos mexidos com farinheira e espetadas de fruta com creme queimado. 

22/07/13

Quiche sem massa (bacalhau e alho francês)

Quiche sem massa

A quiche é sempre uma opção fácil e rápida, ideal para aproveitamento de restos. Com uma salada, temos uma refeição estival bem agradável, é também muito prática para levar para um piquenique, cortada em fatias. No entanto, para quem tem algumas restrições alimentares, como é o meu caso, se for possível fazê-la sem massa, tanto melhor. Com esta receita, deixo aqui uma base para cada um confeccionar a quiche à sua maneira, com os ingredientes de que mais gostar e com os restos disponíveis. Lá em casa havia restos de bacalhau cozido e dois alhos franceses pequenos, mas podem usar cogumelos (convém salteá-los primeiro, caso contrário deitam muita água) e queijo, restos de frango assado, só legumes e vegetais, ervas a gosto...

Ingredientes:

4 ovos
1 embalagem de creme de soja (200 ml)
Restos (usei meia posta de bacalhau cozido)
Legumes e/ou vegetais (usei 2 alhos franceses pequenos cortados em rodelas)
Ervas a gosto (salsa ou coentros frescos; orégãos ou tomilho secos ou frescos)
Azeite q.b.


Untar um pírex ou tarteira com azeite, dispor legumes e/ou os restos. Bater os ovos com as natas e temperar a gosto, com sal e pimenta e ervas. Verter para a tarteira. Vai ao forno a 180 graus cerca de 20 minutos. 

26/06/13

Refresco de flor de sabugueiro

Refresco de flor de sabugueiro



Desde que os meus amigos Rosário e Henrique se dedicaram à produção biológica de ervas aromáticas e condimentares, criando a empresa Ervas da Zoé, que o meu interesse por este tema tem vindo a crescer. Recentemente, decidi aprofundar os meus conhecimentos e, seguindo o conselho da Rosário, procurei a Fernanda Botelho, segundo a minha amiga uma das maiores especialistas na matéria aqui em Portugal. Fiz dois workshops com a Fernanda no Museu do Oriente e fiquei rendida à sua sabedoria, e contagiada pelo seu entusiasmo e amor pelas plantas.

Com ela aprendi a identificar algumas plantas medicinais, ervas aromáticas e flores silvestres e a dar-lhes usos (culinários e medicinais) que até então desconhecia. Descobri um admirável mundo novo.

No passado domingo, fui a Sintra fazer um passeio orientado por ela. Uma vez mais, cheguei a casa com a alma preenchida, e com uma mão cheia de flores (chagas, malvas, flores de sabugueiro, alfazema). Finalmente ia conseguir fazer o refresco de flor de sabugueiro que a Fernanda Botelho ensinou.


Ingredientes:

1,5 l de água
4 flores de sabugueiro (eram grandes)
1 laranja cortada em quartos (pode-se usar meia laranja e meio limão)
Mel ou açúcar para adoçar (a quantidade de açúcar/mel depende muito do gosto de cada um – eu usei 60 g de açúcar para esta quantidade de água)

Num jarro grande ou tigela, colocar as flores, a laranja e/ou limão cortado em quartos. Juntar a água e o açúcar. Deixar macerar no mínimo 12 horas, mexendo de vez em quando (a receita original diz 24 horas, mas bastaram-me 12). Coar e guardar no frigorífico Servir bem fresco.

Nota: este refresco conserva-se uma semana no frigorífico, mas também podem congelá-lo e usar quando quiserem, pois já se sabem que não há sabugueiros em flor todo o ano)

Eu, agarrada às flores de sabugueiro ;-) e o refresco a macerar

Se quiserem saber mais sobre o sabugueiro, podem ler este artigo da Fernanda Botelho.  

Para mais informações sobre as actividades que a Fernanda realiza, sigam o blogue dela: malva silvestreEla vai orientar um passeio em Sintra na próxima terça-feira, 2 de Julho, às 17h. Se quiserem participar, contactem-na por email ou telefone (podem ver essa informação no perfil dela, no blogue).

19/06/13

Pimentos recheados com atum e azeitonas

Pimentos recheados


Todos os sábados de manhã lá vou eu à Praça de Benfica comprar legumes, fruta e peixe. A minha ementa semanal depende muito do que encontro... É assim que deve ser: consumir o que cada estação tem para nos oferecer. É mais ecológico e económico e os alimentos são mais saborosos. Na semana passada, na banca do Sr. Antero, estavam uns pimentos pequenos e lindos a sorrir para mim e a pedir encarecidamente que eu os recheasse e metesse no forno... e assim foi.

Ingredientes (3 pessoas):

6 pimentos pequenos (600 g)
1 cebola
1 folha de louro
2 dentes de alho
2 latas de atum
50 g de azeitonas verdes ou pretas (pesadas sem caroço)
4 tomates frescos (sem pele) ou de lata
Azeite q.b.
Tomilho ou orégãos
Picante (facultativo)
Sal q.b.
Pimenta

Fazer uma abertura nos pimentos, lavá-los e retirar-lhes as sementes. Temperar o interior com sal e pimenta. Numa caçarola ou frigideira, refogar a cebola e os alhos picados e o louro. Juntar o tomate e as azeitonas picadas grosseiramente. Deixar cozinhar até que o tomate se desfaça. Juntar o atum escorrido. Verifique se necessita de sal, pimenta e, caso goste, deite um pouco de picante. Finalize, juntando com orégãos ou tomilho. Rechear os pimentos com esta mistura. Levar ao forno a 200 graus cerca de 30 minutos, num tabuleiro untado com azeite.


Quando os pimentos são grandes, para agilizar o processo de assar, ponho-os 5 minutos em água a ferver (depois de arranjados), recheio-os e levo-os ao forno. Neste caso, não havia necessidade, pois os pimentos eram pequenos e tenros. 

Outras receitas de pimentos recheados:




17/06/13

Sopa de beldroegas e de alho francês

 sopa de beldroegas e alho francês

A D. Teresa da Praça de Benfica disse-me que as beldroegas este ano vieram um pouco mais tarde... Era a primeira vez que tinha. Pareceu-me um bom argumento para trazer um molho bem aviado para casa. Bem aviado era também o molho de alhos franceses, com 6 daqueles pequenos e saborosos, tal como eu gosto (e que só encontro mesmo no mercado). 

Com estes dois ingredientes primaveris fiz uma sopa para aconchegar a alma, num fim de tarde de um domingo algo cinzento. 


Ingredientes (4 pessoas):

4 ovos
1,250 litros de água
200 g de alho francês
1 molho grande de beldroegas (depois de arranjadas ficou em 350/400 g.)
4 dentes de alho
Azeite
1 pouco de vinagre (facultativo)
pimenta moída e sal q.b. 
2 queijos de cabra frescos atabafados


Arranjar as beldroegas, descartando os talos mais grossos (há que use só as folhas, mas eu também ponho os talinhos mais tenros). Cortar o alho francês em rodelas grossas e lavar bem. Estufar o alho francês em azeite durante uns 5 minutos, juntar as beldroegas e os dentes de alho inteiros. Deitar a água. Temperar com sal. Deixar cozer 10 minutos. Adicionar uns pingos de vinagre (a gosto) e verificar os temperos. Escalfar os ovos na sopa (até a clara ficar branca). Servir cada prato de sopa com um ovo e meio queijo de cabra cortado aos cubos. Finalizar polvilhando com um pouco de pimenta moída no momento.

30/05/13

Salada de polvo à minha maneira

salada de polvo

Apesar do calor andar muito tímido, ando mesmo em modo “petisco”. No post anterior falei de tapas e hoje deixo-vos com um portuguesíssima salada de polvo. Toda a gente faz, não tem segredos, mas aqui fica a receita da saladinha à minha maneira.

Ingredientes (salada para 2):

Restos de polvo cozido (tinha 3 tentáculos)
Meio pimento vermelho
Meia cebola pequena
Azeite q.b.
Vinagre balsâmico q.b.
Salsa fresca


Picar a cebola; cortar o pimento em quadradinhos pequenos; cortar o polvo em rodelas. Misturar tudo. Temperar com sal - o sal picante Casa do Sal da Figueira da Foz é bastante grosso, pois é para usar em grelhados, quando o quero utilizar em saladas, calco as pedrinhas com o dorso da faca para torná-lo mais fino). Juntar azeite e vinagre balsâmico a gosto. Finalizar com salsa picada. Acompanhar com uma cervejinha estupidamente gelada. 


salada de polvo

23/05/13

Vamos “tapear”?

Montadito
Montadito de pimento piquillo e petinga de conserva do Tapas 28. 

Este é um convite para correr algumas capelinhas da noite lisboeta e comer umas deliciosas tapas, acompanhadas por cerveja Estrella Damm. Entre 23 de Maio e 2 de Junho, esta marca de cerveja espanhola promove a Rota das Tapas, um circuito de 12 bares e restaurantes, situados no Príncipe Real e no Bairro Alto, nos quais podemos degustar um menu composto por uma tapa + uma Estrella Damm (0,25 dl) por apenas € 3.

Estes petiscos à espanhola foram criados especialmente para a Rota das Tapas por cada restaurante e bar parceiros da iniciativa: Aqui há Peixe, BCN, Beef Burguer Bar, Bellalisa Elevador, Bellalisa Rossio, Bar Remake, Mercearia Tosca, Petisco no Bairro, Sea Me By the River, Storik, Tapas 28 e Tapas 52. A ideia é passarmos por todos estes locais e experimentarmos as 12 tapas! Mas há mais uma boa razão para participar: pode-se ganhar uma viagem a Barcelona para 2 pessoas, com direito a repasto num dos mais conceituados restaurantes de tapas do mundo.


À porta de cada local aderente, um cartaz com os mapas da Rotas. Para participar no passatempo, basta carimbos o mapa em cada bar por onde passar.



Já tive oportunidade de experimentar três das tapas: um montadito do Tapas 28 (pão crocante aioli, pimento piquillo e petinga de conserva), um outro do Tapas 52 (pão grelhado com azeite de manjericão, alheira de caça e ovo de codorniz estrelado), um mini burguer (hambúrguer no pão com cebola caramelizada e foie-gras). São petiscos deliciosos, sobretudo acompanhados por uma das minhas cervejas favorita (preta, sempre!), Bock Damm. Experimentem as tapas tentem replicá-las em casa, que vale a pena.  



A minha tapa favorita: míni hambúrguer Robin dos Bosques do Beef & Burguer 
(créditos da foto: Estrella Damm)






14/05/13

Como me diplomei em toucinho-do-céu no restaurante U Chiado...



Quando cheguei ao U Chiado para fazer um workshop com um conjunto de bloggers (Suzana, Laranjinha, Mónica Lice e a Sofia) já sabia que se tratava de elaborar uma sobremesa, mas logo que ouvi "toucinho-do-céu", pensei: "isto só lá vai com um verdadeiro milagre!".  É que o meu currículo gastronómico no que toca a doces conventuais está cheio de negativas. Se não são as gemas que talham, então é o açúcar que passa do ponto ou cristaliza. 

Contudo, desta vez, lá consegui safar-me! Bem, mas não o fiz sozinha, foi um trabalho a quatro mãos (obrigada Suzana), muito bem orientado pelo Chef Rui Fernandes e pela equipa do restaurante U Chiado. No final do workshop, além do doce conventual, com nota de Satisfaz, já que o trabalho foi sobretudo da Suzana, tirei  um Muito Bom na caipirinha e um Excelente na esferificação de manga. Não se riam, tenho cá em casa um diploma e tudo! ;-) 


Ingredientes para 4 doses (2 formas com cerca de 10 cm de diâmetro):

250 açúcar
100 amêndoa sem pele triturada
75 doce chila
180 g gemas
1 ovo
q.b.canela

Misturar o açúcar com a água e levar ao lume até fazer ponto de pérola (108 graus). Atenção não mexer muito, caso contrário o açúcar cristaliza. Juntar o doce de chila, a canela e a amêndoa. Deixar arrefecer um pouco e juntar as as gemas e o ovo previamente misturados. Levar novamente ao lume para engrossar. Encher as formas (untá-las com spray desmoldante) e cozinhar no forno a 160/180 graus. 

O toucinho-do-céu foi servido com uma esferificação de manga e também uma caipirinha com gelado de limão. A esferificação é feita de polpa de manga com pimenta rosa, misturada com alginato de sódio e água; com a ajuda de uma colher, mergulha-se uma porção dessa mistura numa solução de cálcio e água, criando-se assim uma fina cápsula gelatinosa que envolve a polpa de manga e lhe dá aquele aspecto de gema.


Cá está a prova da existência do diploma ;-)

O U Chiado é um espaço agradável, com uma decoração de extremo bom gosto (é mesmo muito bonito). Aconselho uma visita quer seja para almoçar, jantar ou tomar um copo ao fim da tarde (às quintas-feiras há música ao vivo) ou pela noite dentro. Claro que, agora, com o calor, a esplanada é muito convidativa, sobretudo nos dias em que se pode comer o seu elogiado brunch (sábado e domingo).  



22/04/13

Mais fácil é impossível: morangos recheados com chocolate

Morangos recheados com chocolate 2

Esta receita da Lillyshop tem corrido a blogosfera de expressão inglesa e, desde que a partilhei no meu mural do facebook, já várias amigas a fizeram. Rápida, fácil e saborosa... que mais queremos nós? Com a vantagem adicional de que, se usarem chocolate com 70% cacau, é também muito saudável, podendo ser comida por quem está a fazer dieta. Numa versão para crianças, o melhor é mesmo usar chocolate de leite.

Ingredientes:

30 morangos médios (aproximadamente)
1 tablete de chocolate (usei 70% cacau)
6 colheres de sopa de natas (usei de soja)

Lavar os morangos. Retirar-lhes o pedúnculo. Com a pontinha de uma faca retirar-lhes o centro de cor esbranquiçada. Deixá-los escorrer em papel absorvente por uns minutos com o buraquinho virado para baixo.  Entretanto, levar ao microondas o chocolate e as natas até derreter. Mexer bem a mistura para que fique homogénea. Rechear os morangos com a ganache de chocolate, usando um bico de pasteleiro ou uma colher de café. Para que os morangos não tombem e o chocolate verta, colocar os morangos numa cuvete de gelo (sem gelo, claro!). Levar ao frigorífico para que a ganache endureça um pouco. Servir! 

Nota: se quiser mantê-los em pé na hora de servir, basta cortar um bocadinho do fundo do morango, que ele aguenta-se.

Morangos recheados com chocolate

14/04/13

Peixe em Lisboa: Harmonização com o Chef Paulo Morais

harmonizacão chef Paulo Morais


Este ano, no Peixe em Lisboa, voltei a assistir (e a degustar) uma harmonização de vinhos José Maria da Fonseca pelo Paulo Morais. Já no ano passado o tinha feito e foi uma experiência excepcional. Este ano, fiquei novamente rendida. 

Para começar, uma caldeirada em jeito de sopa. O chef apelidou-a de crua, mas o caldo quente acaba por cozinhar as finas fatias de pregado. Acho que a ideia era testar os presentes para ver se eram esquisitinhos ou não. Gostei muito do tempero com um toque asiático (gengibre e molho de soja). Do conjunto só não apreciei as batatas fritas. Para acompanhar, Colecção Privada Domingos Soares Franco, Verdelho 2011. 

Caldeirada by Paulo Morais

O segundo prato, Califórnia maki desconstruídos, era composto por camarão em tempura (o polme levava alga nori tostada); gelatina de alface, abacate e pepino; espuma de arroz e ar de wasabi com sal e sumo de lima. Foram apresentados lado a lado com os rolos Califórnia originais, para facilitar a comparação. O chef achou que íamos gostar mais do original do que da desconstrução, mas pela parte que me toca, enganou-se. O Moscatel Roxo Rosé, que já é um clássico destas harmonizações, foi o par perfeito para este prato.

Califórnia maki desconstruídos by Chef Paulo Morais

Seguiu-se um limpa-palato, que foi para mim o momento alto da harmonização: macarons de alga nori, recheados com pasta de fígado de tamboril. Sublime! Não sendo propriamente de inspiração asiática, o contraste do doce/salgado acaba por inevitavelmente remeter para essas paragens. Para acompanhar foi servido um vinho que adoro – Quinta de Camarate Branco. Este vinho tem uma percentagem de açúcar de 30%, devendo ser servido bem fresco. É perfeito para acompanhar sushi, mas é preciso gostar desta doçura pouco comum (acho eu) num vinho não licoroso.

Macarons de tamboril by Chef Paulo Morais

O trio de conservas caseiras de peixe em pão naan foi o prato de que mais gostei: conserva de salmão selvagem do Alaska com miso e mirim; conserva de bacalhau com caril e conserva de cavala com kimchi. Segui as instruções do chef: comi com as mãos, molhei cada pedacinho de pão, primeiro, em molho sweet chili, depois, no pungente kimchi (molho tradicional coreano). Lambi os dedos, beberiquei um vinho tinto Domini, e suspirei de satisfação.

 Conservas em pão naan by chef Paulo Morais

No final da refeição, o chef Paulo Morais serviu uma trifle com brownie de chocolate e gengibre cristalizado, morangos e espuma de moscatel. Claro que para acompanhar nada melhor do que um Moscatel de Setúbal. Também da Colecção Privada de Domingos Soares Franco, este vinho de 2006 tem como característica distintiva o facto de ter Armagnac na sua composição.

Sobremesa by chef Paulo Morais

O chef Paulo Morais e a sua mulher, a chef Anna Lins, são os responsáveis pelos Izakaya e Umai, Se apreciam comida asiática (japonesa, tailandesa, coreana, vietnamita) estes restaurantes são ponto de passagem obrigatório em Lisboa. Aconselho vivamente uma visita: o atendimento é atencioso e a comida é excelente. 




21/03/13

Pá de porco no forno a baixa temperatura


Pá de porco no forno (slow cooking)

Os cozinhados feitos em baixa temperatura conferem uma suculência e uma tenrura à carne absolutamente deliciosas. Não são para fazer à última hora, pois exigem umas boas horas de forno, mas, regra geral, são receitas muito simples de executar.

No Inverno, sabem melhor do que nunca, sobretudo para servir num daqueles domingos em que se recebe a família para almoçar. A carne assa lentamente no forno, a pouco e pouco o calor invade a casa, o aroma espalha-se sorrateiramente... O ambiente é acolhedor, perfeito para saborear uma refeição especial, entre muitos dedos de conversa.

Ingredientes:

1,200/1,500 kg pá de porco com osso
1 colher de chá de açúcar mascavado
(facultativo - é só mesmo para cortar 1 pouco a acidez do tomate)
2 colheres de chá de cominhos
1 1/2 colheres de chá de pimentão doce (paprica)
1 colher de chá de sal
1 colher de chá de garam masala
2 colher de sopa de azeite
3 cenouras descascadas e cortadas em pedaços grossos
2 cebolas médias descascadas e cortadas em quartos
4 dentes de alho
1 lata de tomate pelado (usar só os tomates)
1 chávena de vinho
1 chávenas de caldo (de legumes/carne ou aves) - pode ser necessário juntar mais

Fazer uma pasta com 1 colher de sopa de azeite, as especiarias, o sal e o açúcar. Barrar a peça de carne com esta pasta. Deixar marinar cerca de 30 minutos (se não deixar, também não faz mal).

Num tacho que possa ir ao forno (com tampa e tudo), selar a carne em 1 colher de sopa de azeite, virando-a até ganhar uma cor dourada de todos os lados. Atenção: se não tiver um tacho apropriado para ir ao forno, sele num tacho normal, e depois faça o assado num recipiente de ir ao forno que tenha tampa.

Juntar o tomate, as cebolas e as cenouras, deitar o caldo e o vinho. Levar ao forno a 150/160 graus durante pelo menos 3 horas. De hora a hora, verificar se está tudo a correr bem (se é preciso juntar mais caldo, em que ponto de cozedura está a carne). A carne está pronta quando se separar do osso.

Pá de porco no forno (slow cooking)

Sugestão de acompanhamento: pode juntar umas batatas ou nabos cortados em quartos na fase final de cozedura. Diria que as batatas terão que ser colocadas cerca de 1 h antes de a carne estar pronta, enquanto os nabos, será cerca de 20 a 30 minutos. Se preferir, sirva com puré de couve-flor e cenoura.

Dicas: embora a carne fique mais saborosa se for selada, pois assegura que os sucos ficam no interior da peça, também não é crime saltar esse passo para tornar a receita ainda mais simples e a sua preparação mais rápida. Fica ao critério de cada um. 

Esta receita é muito versátil, podem usar os legumes que preferirem, especiarias a vosso gosto e a bebida alcoólica que quiserem (cerveja preta ou branca, vinho tinto, vinho do Porto) ou até água.

Receita adaptada do blogue The Kitchn


20/02/13

Das tradições gastronómicas portuguesas: butelo com casulas


A minha educação culinária foi pouco tradicional, não sei se por via da minha vivência citadina, das minhas raízes insulares, ou pelo facto de a minha mentora nestas lides – a minha avó paterna – ser de origem inglesa. Sei fazer uma mão cheia de pratos típicos da gastronomia portuguesa, mas tenho plena consciência de que há um sem número de produtos e de receitas por desvendar. Felizmente que, a pouco e pouco, num misto de espanto e prazer, lá vou conquistando terreno em matéria de tradição gastronómicas e conhecendo novos sabores (para mim, claro está!).  

O butelo e as casulas (ou cascas) foram duas das minhas mais recentes descobertas. Há cerca de 1 ano, em casa de uma querida amiga, fizemos uma prova de enchidos e pela primeira vez experimentei esta dupla. O butelo é um enchido com recheio de ossos da suã (coluna vertebral do porco) com a carne agarrada, envolto na bexiga ou no bucho de porco, servindo-se acompanhado por casulas, que são vagens secas de feijão. Este prato regional transmontano é habitualmente consumido no Entrudo.

Foto gentilmente cedida pela minha companheira de comezainas Suzana do blogue Gourmets Amadores.

No próximo fim-de-semana, de 22 a 24 de Fevereiro, em Bragança, realiza-se o Festival do Butelo e das Casulas, que vale certamente uma viagem até lá para saborear esta especialidade, contemplar as paisagens transmontanas e conviver com as suas calorosas gentes.

Caso não tenham possibilidade de ir até Bragança, podem experimentar este prato em Lisboa, confeccionado pelas mãos sabedoras da chef Justa Nobre, no Spazio Buondi/Nobre.  Foi lá que pela segunda vez experimentei este prato, no jantar de apresentação do Festival. Se quiserem meter as mãos na massa e confeccioná-lo em casa, então podem comprar os produtos online no site da Origem Transmontana e seguir esta receita.

Vale a pena divulgar e ajudar a preservar esta tradição tão nossa, não acham? 



28/01/13

Puré de couve-flor e cenoura


Puré de couve-flor e cenoura

Ultimamente tenho tido uma maior preocupação em relação aos acompanhamentos, principalmente para evitar o tradicional consumo de arroz/batata/massa, mas também para não me ficar pelo facilitismo dos legumes cozidos típicos das dietas. Atenção que eu até aprecio muito legumes cozidos (cozidos al dente e regados com um fio de bom azeite) – mas gosto particularmente de variar. Além disso, se o conduto for bom, ou um pouco diferente, basta grelhar ou fritar um bife, cozer ou grelhar um peixe, e o prato ganha uma nova dimensão. Não acham?

·         1 couve-flor (cerca 600 g)
·         2 cenouras descascadas (cerca 150 g)
·         1 colher sopa de pesto
·         Pimenta e noz-moscada
·         Leite de soja (sem açúcar!) ou leite de vaca 0,5 dl (copinho ½ medida copinho da bimby)

Bimby
Separar a couve-flor em floretes e cortar a cenoura em rodelas. Dispô-las nos 2 tabuleiros da Varoma. Cozer 20 minutos, Varoma. Triturar na velocidade 4 durante 20 segundos com os temperos e o leite de soja.

Tradicional

Separar a couve-flor em floretes e cortar a cenoura em rodelas. Cozer ao vapor até os legumes ficarem bem tenros. Passar pelo passe-vite ou triturar no robô de cozinha. Juntar o leite e temperar.  

Nota: Caso coza os legumes em água, tenha atenção, pois muito provavelmente não haverá necessidade de juntar o leite ao puré