21/09/10

Brownies de chocolate e curgetes


O que primeiro me cativou nestes brownies foi o uso de curgete. Gosto da humidade e da textura que este legume dá aos bolos, salgados e doces. Decidi logo experimentar, andei com a lista de ingredientes no meu caderninho durante 1 semana para ter a certeza de que nada faltava na hora de fazer o bolo. No sábado, pus os ingredientes na bancada e percebi que o bolo não levava ovos. Confesso que não aprecio bolos sem ovos, pelo menos das vezes que os comi, nunca me cativaram, achei-os secos... Durante uns segundos hesitei... será que a receita tem uma gralha? Mas o blogue onde encontrei a receita, tinha-a feito a partir de outro blogue e estavam iguais. E se juntasse 1 ovinho, quiça 2? O facto de te terem corrido mal duas receitas na semana passada não são desculpa para não saires da tua zona de conforto, pensei eu. Sim? Não, vou arriscar. Em boa hora tomei a decisão de seguir a receita original: estes brownies são fantásticos. Densos e húmidos tal como eu gosto. Vale a pena experimentar.



Só uma nota: para fazê-los é indispensável ter uma batedeira, ou então, arriscam-se a ficarem horas a bater o bolo, até que a curgete espalhe a sua humidade aos restantes ingredientes. Usei as varas de massa (e não as de bater claras).

Ingredientes:


1 1/2 chávena açúcar
1/2 chávena de óleo
2 chávenas de farinha sem fermento
1/4 chávena de cacau
2 colheres de chá de essência de baunilha
2 chávenas de curgete ralada
1 colher de chá de sal
1 1/2 colher de chá de bicarbonato
1 chávena de chips de chocolate


Aquecer o forno a 180 graus. Juntar o açúcar, o óleo e a farinha, mexendo com a batedeira em velocidade baixa até que fique com consistência de areia. Juntar o cacau, a essência de baunilha e a curgete. A pouco e pouco, enquanto a batedeira "trabalha" a massa vai ficando húmida e ganhando a tal consistência de bolo a que estamos habituados, embora numa versão mais espessa, típica dos brownies. Misturar o sal e o bicarbonato, mexendo sempre com a batedeira. Por fim, juntar os chips de chocolate, envolvendo na massa com uma colher-de-pau. Deitar numa forma rectangular (20x28 cm), untada com manteiga e polvilhada com farinha - estou completamente rendida ao spray desmoldante, portanto salto esta operação. Vai ao forno entre 25 a 35 minutos. Só cortar me quadrados quando tiver arrefecido.

15/09/10

Satay de Frango


Foi o satay que desencadeou a minha paixão pela comida tailandesa. Provei-o pela primeira vez há uns 15 anos, em casa de uma amiga que tinha vivido nos EUA, e fiquei de tal modo seduzida que rapidamente decidi aprofundar os meus conhecimentos de gastronomia tailandesa. O passo seguinte foi comprar uns livros numa das minhas viagens a Londres. Os livros são uma excelente forma de aprendizagem, mas melhor ainda é ver fazer. Por isso, fiz umas aulas de cozinha tailandesa na Cozinhomania, ministrados pela cozinheira da Embaixada da Tailândia em Portugal, que nos ensinou as receitas, alguns hábitos, indicou onde comprar os ingredientes menos comuns e deu algumas dicas de substituição. Esta receita de satay foi-me ensinada por ela e continua a ser uma das minhas favoritas. Pode ser feita com camarões, porco ou frango. Regra geral, este prato aparece na maioria dos restaurantes tailandeses como entrada, mas costumo servir como prato principal. Na verdade, estas espetadinhas fazem parte da famosa street food tailandesa, podendo ser consumidas a qualquer hora.

Ingredientes:

800 g de peitos de frango

Marinada:

4 colheres de chá de pó de caril tailandês*
(pode usar indiano com picante médio)
½ lata de leite de coco
1 colher de sopa de açúcar
4 colheres de sopa de molho de peixe*

Molho de amendoim:

100 g amendoins sem sal (usar torrados)
1 cebola
4 dentes de alho
3 a 5 malaguetas secas
(depende do grau de picante que preferir)
3 colheres de sopa de molho de peixe*
2 colheres de sopa de vinagre
½ lata de leite de coco
2 a 3 colheres de sopa de açúcar


Cortar o frango em cubos pequenos ou tiras. Deixar na marinada 24 horas. Escorrer o frango, colocar nos espetos (antes de colocar o frango passe os espetos de madeira por água para não queimarem no grelhador). Grelhar. Servir com o molho de amendoim, acompanhado com arroz glutinoso (ou se preferir, use arroz basmati que é de preparação mais simples e rápida).

Preparação do molho de amendoim:

Triturar o amendoim na picadora ou robô de cozinha até que fique em pasta. A seguir, triturar a cebola, o alho, as malaguetas. Numa caçarola, aquecer o óleo e juntar o preparado de cebola. Deixar libertar os aromas. Juntar o leite de coco, a pasta de amendoim, o molho de peixe, o açúcar e o vinagre. Deixar ferver, mexendo sempre. Se achar que o molho está demasiado espesso, juntar água.

Nota: o meu molho ficou um pouco esbranquiçado, porque enganei-me e comprei amendoins sem serem torrados. Opte pelos torrados.

* Pode comprar estes ingredientes na loja de produtos asiáticos do Poço do Borratém (entre a Rua da Madalena e o Martim Moniz).

13/09/10

Rolinhos de salmão fumado com queijo creme e wasabi


Ando completamente numa "onda" de entradas, mas achei que faziam falta neste blogue. A receita é de um dos meus chefs favoritos, o neozelandês Peter Gordon. Limitei-me a substituir o cebolinho pelo wasabi. Este é um dos casos em que o nome da receita dá a conhecer praticamente todos os ingredientes. ;-)


Ingredientes (10 a 12 rolinhos):

4 fatias de salmão fumado
2 folhas de algas
125 g de queijo creme (usei Philadelphia)
1 colher de chá de wasabi em pó ou em pasta
Limão

Misturar o queijo creme com o wasabi. Estender a folha de alga, borrifando com um pouco de sumo de limão para amolecer. Dispor as duas fatias de salmão, juntar mais uns pingos de sumo de limão, e barrar com o queijo creme. Enrolar. Repetir a operação com a outra folha de algas. Levar ao frigorífico uns 20 minutos. Cortar os rolinhos do tamanho desejado, preferencialmente com uma faca bem afiada (que se vai passando por água após cada corte). Servir simples ou acompanhados por tostas.


Se quiserem espreitar mais uma receita do chef Peter Gordon, cliquem aqui.

10/09/10

Ceviche de carapau com manga


Esta foi mais uma das entradas que os meus amigos M e AP confeccionaram no fim-de-semana passado. Uma maravilha... O que não é de admirar, pois além da toda sabedoria culinária que têm, são verdadeiros especialistas em acepipes com peixe cru (como sushi), usando sempre produtos de exímia qualidade e frescura, comprados no mercado de Évora ou no de Setúbal.

Ingredientes:


500 g carapaus
1 manga (ou abacate)
Sumo de 1/2 limão
Sumo de 2 Laranjas
Sumo de 1 ou 2 limas
Hortelã, coentros e salsa frescos e picados
Sal (facultativo, sinceramente acho que não é necessário)
Se gostar de picante, junte umas gotas de Tabasco ou uma malagueta picada.


Arranjar os carapaus, retirando pele, cabeça e espinhas e cortando a carne em pedaços. Cortar a manga em cubos. Juntar tudo num recipiente de vidro, cobrindo com o sumo dos citrinos. Finalizar com as ervas picadas. Deixar marinar durante 30 minutos a 1 hora no frigorífico.

08/09/10

Três entradas estivais (rápidas e saborosas)


No passado fim-de-semana, rumei a Évora para visitar uns queridos amigos que, tal como eu, se perdem por petiscos, e por dois dedos de conversa. Foram horas bem passadas, muita comidinha boa – eles cozinham muito bem e têm sempre ideias novas para partilhar comigo – , caipirinhas, cerveja e vinho para animar a festa, e amena cavaqueira. No sábado, jantámos umas codornizes recheadas, que tenho que replicar muito brevemente, pois estavam divinais. No domingo, brindaram-me com as melhores sardinhas de que tenho memória.


Deixo-vos aqui algumas das entradas que me foram oferecidas (e que adorei!). Frescas, fáceis de confeccionar e saborosas, óptimas para um dia quente de Verão, ideais para “abrir as hostilidades” de uma bela sardinhada.


Melancia com feta

As quantidades são q.b. Cortar a melancia em cubos, juntar com queijo feta esfarelado, polvilhar com pimenta preta e enfeitar com hortelã.



Azeitonas com queijo de cabra

Numa tigela, juntar as azeitonas e o queijo de cabra alentejano cortado aos cubos. Regar com uma dose muito generosa de azeite (preferencialmente de Moura). Temperar com orégãos.



Figos com presunto e queijo

Lavar e cortar os figos ao meio. Num palito, prender uma metade de figo, colocar um pedaço de presunto e uma fina fatia de queijo curado alentejano (aquele meio picante). Numa travessa, dispor os figos e regar com um fiozinho de azeite.

06/09/10

Bolo de iogurte com sementes de papoila (cobertura mascarpone e limão)



Este bolinho da minha querida amiga Laranjinha é de êxito garantido. É fofo, saboroso, fácil de fazer e rende bastante (dá para cerca de 15 fatias). Além disso é versátil: comido simplesmente com um chá, fica perfeito, se lhe pusermos uma cobertura (como decidi fazer), é uma sobremesa perfeita para uma refeição festiva. Foi a minha contribuição para um fim-de-semana gastronómico em casa de amigos muito especiais.



Ingredientes:


1 iogurte natural (125 gramas = 100 ml)
6 ovos
3 copos de iogurte de açúcar
3 copos de iogurte de farinha
1 copo de iogurte mal cheio de óleo
2 colheres de chá de fermento em pó
Raspa de 1 limão
3 colheres de sopa de sementes de papoila


Cobertura:


300 g de queijos mascarpone
Raspa de 1 limão
Sumo de 1 limão
3 colheres de sopa de açúcar

Nota: uma embalagem normal de mascarpone (250 g) dá perfeitamente para cobrir a parte superior do bolo; neste caso, reduza o açúcar para 2 colheres de sopa. Usei 300 g, pois era uma embalagem promocional, e deu para cobrir o bolo e servir as fatias com uma colherzinha de creme a acompanhar.

Bater as gemas com 2 copos de açúcar. Adicionar o iogurte, o óleo e a raspa de limão. Bater as claras em castelo bem firme e juntar 1 copo de iogurte de açúcar. Adicionar as claras ao preparado anterior, alternadamente com a farinha e o fermento em pó. Por fim, juntar as sementes de papoila. Levar ao forno pré-aquecido a 180 graus, em forma untada manteiga e polvilhada com farinha – uso sempre spray desmoldante.

Para fazer a cobertura, basta misturar bem o mascarpone com sumo e a raspa do limão e o açúcar, até dissolver o açúcar. Conservar no frigorífico. Só cobrir o bolo depois de estar completamente frio.


03/09/10

Doce de tomate com cravo e canela


Com o objectivo de perceber as diferenças de consistência, tempo e sabor entre a preparação das compotas de modo tradicional e com recurso à máquina de pão (mfp), decidi este ano preparar o doce do tomate das duas formas.

Para a preparação na máquina de pão, usei açúcar gelificante, um açúcar misturado com uma dose de pectina. Com este produto, que se adquire no supermercado Aldi, a compota fica com a consistência desejada, sem  ferver muito, nem evaporar os sucos – como consequência, o doce rende mais.


O sabor da compota na mfp ficou bastante bom. A consistência é diferente da compota tradicional, mas é igualmente agradável. A mpf é uma boa opção, sobretudo para o Verão, quando o calor pode aniquilar rapidamente o nosso entusiasmo (não é fácil estar ao fogão, a mexer compota durante 1 ou 2  horas, com uma temperatura de 40 graus).

Quanto às desvantagens, vejo duas. Primeiro, é provável que sem o açúcar gelificante – ou seja, com o açúcar tradicional – a receita não resulte tão bem. Através de outros blogues, soube que, com o açúcar normal, para o doce ficar “no ponto”, algumas vezes era preciso fazer o programa de compotas 2 vezes. Deste modo, no caso da máquina que uso, seriam necessárias 2h40. É um exagero. Ainda assim, há pessoas que se queixam de que o doce fica líquido. Nota: a minha máquina (do Lidl) só tem receitas de doce com o açúcar gelificante.


Segundo, a capacidade da mfp é limitada. As receitas indicadas nas instruções apontavam para 500 g de polpa de fruta e 500 de açúcar e, mesmo que se reduza a quantidade de açúcar não convém aumentar proporcionalmente a quantidade de fruta, pois a polpa liberta sucos e inevitavelmente respinga. Se colocarmos muito mais do que a dose indicada, corremos a risco de danificar a mfp.


(A compota na mfp é a que está na tosta e no recipiente do lado direito.
A feita na mpf fica mais baça e com consistência mais gelatinosa,
a tradicional fica brilhante e vítrea e com consistência mais "caramelizada")



Receita na mfp:

500 g de tomate (limpo de pele e de sementes)*
300 g de açúcar gelificante
Sumo de meio limão
1 pau de canela
2 cravos da índia


Cortar o tomate aos pedacinhos pequenos (se preferir triture-o na varinha mágica). Colocar todos os ingredientes na mfp. Ligue no programa compotas. Quando terminar, retire e guarde em frascos esterilizados. O doce parece estar demasiado líquido? Não se assuste, deixe arrefecer e vai ver que fica na consistência desejada.

Receita tradicional:

1 kg de tomate (limpo de pele e de sementes)*
500 g de açúcar
Sumo de 1 limão
3 cravos da índia
2 paus de canela

Num tacho, juntar os ingredientes e cozinhar, mexendo regularmente com uma colher de pau, até adquirir a consistência de compota (com estas quantidades, a compota esteve ao lume aproximadamente 1h30). Para verificar a consistência, tire uma colher de doce para um prato e deixe arrefecer. O doce quando está quente parece sempre mais líquido do que ficará depois de frio. Quando estiver “no ponto”, retire e guarde em frascos esterilizados.

Dicas


*Para retirar a pele ao tomate, faça um corte ligeiro em forma de cruz na extremidade oposta ao pedúnculo. Coloque o tomate numa tigela que aguente calor e deite água a ferver por cima. Deixe uns minutos. Depois a pele sai muito bem.


Há quem triture a fruta antes de fazer a compota, mas muito francamente, gosto de usar a fruta inteira, ou aos pedaços. No entanto, se triturar a fruta, a compota ficará com mais consistente.


O açúcar gelificante pode ser usado na preparação das compotas no fogão, reduzindo substancialmente o tempo de confecção.


Caso não encontre açúcar gelificante, para obter resultados similares use 7 g de pectina em pó por cada 500 g de polpa. A pectina compra-se nas dietéticas (Celeiro, etc.). Actualização: Esta é uma quantidade indicativa. A quantidade de pectina necessária varia consoante a fruta que usar (há frutas que têm mais ou menos pectina), consoante a acidez da fruta (mais ácida, menos pectina) e consoante a quantidade de açúcar (mais açúcar, menos pectina). Além disso, convém sempre seguir as recomendações que estão na embalagem da pectina de compra.


Ao juntar sumo de limão, a compota atinge a consistência desejada mais facilmente, pois o limão funciona como gelificante. O seu uso aconselha-se quando se usam frutas com pouca pectina (como os morangos e o melão). Os marmelos e as maçãs, por exemplo, têm muita pectina.


Encontrei este artigo bastante interessante e útil sobre a matéria. Actualização: esta página também tem informação útil.

01/09/10

Pão de Deus na MPF (para dias de preguiça)


Tenho uma verdadeira paixão por pães de Deus. E digo-vos já que os motivos não são religiosos... a não ser na medida em que a gula é um pecado capital. Aliás, esta receita acaba por ser consequência de dois pecados capitais: o da gula, aliado ao da preguiça. É uma receita rápida, ideal para aqueles dias em que não há pachorra, nem pão em casa.



Ingredientes:


500 g de mistura pré-preparada para brioche
(usei da marca Continente)
275 ml de água (juntei leite)
2 colheres de sopa de óleo

Para a cobertura:
(adaptada de Saberes & Sabores Agosto 2010)

40 g de coco ralado
50 g de manteiga
40 g de açúcar
1 gema



Para fazer o pão, é só proceder de acordo com as instruções da embalagem (neste caso, em vez de água, deitei leite). Programar a máquina para o ciclo 1, tostagem média. Faça uma pasta com o coco, a manteiga amolecida, o açúcar e a gema. Quando faltarem aproximadamente 20 minutos para o programa terminar, barre o pão com a mistura do coco. Deixar o ciclo da máquina acabar. Retirar o pão da máquina com cuidado para que a parte de cima não caia. Deixar arrefecer. Prepare uma fatia barrada com manteiga e com fiambre e... coma sem culpas.