03/09/10

Doce de tomate com cravo e canela


Com o objectivo de perceber as diferenças de consistência, tempo e sabor entre a preparação das compotas de modo tradicional e com recurso à máquina de pão (mfp), decidi este ano preparar o doce do tomate das duas formas.

Para a preparação na máquina de pão, usei açúcar gelificante, um açúcar misturado com uma dose de pectina. Com este produto, que se adquire no supermercado Aldi, a compota fica com a consistência desejada, sem  ferver muito, nem evaporar os sucos – como consequência, o doce rende mais.


O sabor da compota na mfp ficou bastante bom. A consistência é diferente da compota tradicional, mas é igualmente agradável. A mpf é uma boa opção, sobretudo para o Verão, quando o calor pode aniquilar rapidamente o nosso entusiasmo (não é fácil estar ao fogão, a mexer compota durante 1 ou 2  horas, com uma temperatura de 40 graus).

Quanto às desvantagens, vejo duas. Primeiro, é provável que sem o açúcar gelificante – ou seja, com o açúcar tradicional – a receita não resulte tão bem. Através de outros blogues, soube que, com o açúcar normal, para o doce ficar “no ponto”, algumas vezes era preciso fazer o programa de compotas 2 vezes. Deste modo, no caso da máquina que uso, seriam necessárias 2h40. É um exagero. Ainda assim, há pessoas que se queixam de que o doce fica líquido. Nota: a minha máquina (do Lidl) só tem receitas de doce com o açúcar gelificante.


Segundo, a capacidade da mfp é limitada. As receitas indicadas nas instruções apontavam para 500 g de polpa de fruta e 500 de açúcar e, mesmo que se reduza a quantidade de açúcar não convém aumentar proporcionalmente a quantidade de fruta, pois a polpa liberta sucos e inevitavelmente respinga. Se colocarmos muito mais do que a dose indicada, corremos a risco de danificar a mfp.


(A compota na mfp é a que está na tosta e no recipiente do lado direito.
A feita na mpf fica mais baça e com consistência mais gelatinosa,
a tradicional fica brilhante e vítrea e com consistência mais "caramelizada")



Receita na mfp:

500 g de tomate (limpo de pele e de sementes)*
300 g de açúcar gelificante
Sumo de meio limão
1 pau de canela
2 cravos da índia


Cortar o tomate aos pedacinhos pequenos (se preferir triture-o na varinha mágica). Colocar todos os ingredientes na mfp. Ligue no programa compotas. Quando terminar, retire e guarde em frascos esterilizados. O doce parece estar demasiado líquido? Não se assuste, deixe arrefecer e vai ver que fica na consistência desejada.

Receita tradicional:

1 kg de tomate (limpo de pele e de sementes)*
500 g de açúcar
Sumo de 1 limão
3 cravos da índia
2 paus de canela

Num tacho, juntar os ingredientes e cozinhar, mexendo regularmente com uma colher de pau, até adquirir a consistência de compota (com estas quantidades, a compota esteve ao lume aproximadamente 1h30). Para verificar a consistência, tire uma colher de doce para um prato e deixe arrefecer. O doce quando está quente parece sempre mais líquido do que ficará depois de frio. Quando estiver “no ponto”, retire e guarde em frascos esterilizados.

Dicas


*Para retirar a pele ao tomate, faça um corte ligeiro em forma de cruz na extremidade oposta ao pedúnculo. Coloque o tomate numa tigela que aguente calor e deite água a ferver por cima. Deixe uns minutos. Depois a pele sai muito bem.


Há quem triture a fruta antes de fazer a compota, mas muito francamente, gosto de usar a fruta inteira, ou aos pedaços. No entanto, se triturar a fruta, a compota ficará com mais consistente.


O açúcar gelificante pode ser usado na preparação das compotas no fogão, reduzindo substancialmente o tempo de confecção.


Caso não encontre açúcar gelificante, para obter resultados similares use 7 g de pectina em pó por cada 500 g de polpa. A pectina compra-se nas dietéticas (Celeiro, etc.). Actualização: Esta é uma quantidade indicativa. A quantidade de pectina necessária varia consoante a fruta que usar (há frutas que têm mais ou menos pectina), consoante a acidez da fruta (mais ácida, menos pectina) e consoante a quantidade de açúcar (mais açúcar, menos pectina). Além disso, convém sempre seguir as recomendações que estão na embalagem da pectina de compra.


Ao juntar sumo de limão, a compota atinge a consistência desejada mais facilmente, pois o limão funciona como gelificante. O seu uso aconselha-se quando se usam frutas com pouca pectina (como os morangos e o melão). Os marmelos e as maçãs, por exemplo, têm muita pectina.


Encontrei este artigo bastante interessante e útil sobre a matéria. Actualização: esta página também tem informação útil.

18 comentários:

  1. Amiga Pipoka
    Li as tuas experiencias com curiosidade, pois nunca fiz na MFP, nem usei esse açúcar.
    No passado fazia no tacho,depois com a Bimby passou a ser muito fácil.
    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. Pois é, amiga, falta-te testar o método perfeita: na bimby! :) :)

    Mas eu cá comia das duas. :)

    Beijinhos

    ResponderEliminar
  3. Tendo em conta que fazia do modo tradicional e usasse o açúcar gelificante
    Para 1 kilo de tomate usaria apenas 14 gr deste açúcar e 500kg do outro ou apenas o gelificante?

    ResponderEliminar
  4. Ainda nunca usei o acucar gelificante, mas sei que tambem se pode usar pectina para substituir juntamente com acucar branco. Eu por mim comia tanto de uma maneira como de outra.

    Beijinhos e bom fds

    ResponderEliminar
  5. Pipoka, não tenho grande experiência de compotas. Mas sempre que fiz usei o método normal, fogão e açúcar branco. E não passei as duas horas a mexer. Prefiro deixar em lume baixinho e mexer só de vez em quando. Demora mais tempo, mas canso-me menos.
    Na máquina de pão nunca experimentei, mas como te disse, a minha está praticamente reformada :)
    Vou fazer compota de pêssego com especiarias um destes dias, com o meu método normal-preguiçoso.

    Beijão *
    Mariana

    ResponderEliminar
  6. Muito boa tarde.
    Também tenho uma MFP do Lidl e estou com muita vontade de experimentar o seu doce! Assim, coloco-vos uma questão, se em alternativa ao açúcar gelificante utilizarmos a pectina, usamos a pectina (7g??)+ os 300gr de açúcar? Descobri que o Celeiro vende Pectigel da Diese (embalagem 30g x 2 unidades)...

    Desde já muito obrigada pela atenção (sou super fã do v/blog!)

    Renata

    ResponderEliminar
  7. Pipoka, comecei agora a utilizar o açúcar gelificante, mas ainda só o testei no método tradicional e gostei imenso do resultado: é mais rápida a cozedura e a consistência fica muito boa, inclusivé para geleias. Na MFP ainda só fiz com o tradicional açúcar branco e o doce ficou mais liquido que o desejável. Estou para experimentar o açúcar gelificante na MFP, mas ao ler este post fiquei com uma dúvida: apesar de o dito açúcar reduzir o tempo de cozedura, pelo que percebi, incluiu o açúcar logo no inicio e deixou correr o programa da MFP até ao fim?
    Beijinhos e bom fim-de-semana

    ResponderEliminar
  8. Sempre fiz doces e compotas à moda tradicional, quando a Bimby chegou cá a casa nunca mais houve compotas no tacho, agora na MFP nunca me lembraria, tenho a Chef-O-Matic que é identica e nunca experimentei,
    gostei imenso do aspecto quer de uma quer de outra
    bjs

    ResponderEliminar
  9. Eu fiz as de figo na MFP sem açúcar gelificante e gosto muito do resultado. Usei 900g de figos mas não usei as 2h40... mesmo assim compensa porque estar ao fogão a mexer é um sacrifício :)

    ResponderEliminar
  10. Tita,

    Quando se usa a pectina, não se usa o açúcar gelificante.

    A proporção pectina/fruta é apenas indicativa. A quantidade a colocar varia de acordo com a fruta que está a usar (há frutas com mais ou menos pectina), a quantidade de açúcar e a acidez da fruta (mais acidez, menos pectina). Também é importante seguir as intruções que estão na embalagem da pectina, pois essas coisas variam sempre de fabricante para fabricante.

    beijocas

    ResponderEliminar
  11. Renata,

    A proporção pectina/fruta é indicativa.

    A quantidade a colocar varia de acordo com a fruta que está a usar (há frutas com mais ou menos pectina), a quantidade de açúcar e a acidez da fruta (mais acidez, menos pectina). Também é importante seguir as intruções que estão na embalagem da pectina, pois essas coisas variam sempre de fabricante para fabricante.

    beijocas e obrigada pela simpatia

    ResponderEliminar
  12. Carla,

    É como lhe disse por email. O açúcar gelificante põe-se logo no início do programa.

    beijocas

    ResponderEliminar
  13. Ameixa amiga,

    Publica a receita, pois estou com curiosidade.

    O figo é das frutas que tem naturalmente mais pectina. Além disso, destila muito menos água do que o tomate. Por isso, é natural que fique com a consistência desejada mais facilmente.

    De qualquer forma, a consistência também varia de acordo com a quantidade de açúcar.

    O facto de se triturar o doce também ajuda, não sei se terá sido o caso. Mas pessoalmente não gosot muito de triturar a fruta, gosto de sentir os pedaços.

    beijocas

    ResponderEliminar
  14. Pipoka, só cortei os figos ao meio, até porque não eram dos grandalhões. Tens razão, o tomate tem muito mais água. Mas vou publicar nos próximos dias :)

    ResponderEliminar
  15. Ei Pih!
    Quanto tempo não vinha te visitar...
    e encontro tanta coisa boa q precisarei ficar sentadinha aqui em sua cozinha... admirando, anotando e aprendendo... claro :]
    Gostei do chá gelado, por aqui anda muito quente e seco...vai ser um bom refresco...
    Um bejim no seu coração e tenha um final de semana cheio de alegrias, viu!
    Vinni

    ResponderEliminar
  16. Excelentes dicas compoteiras! Esta experiência partilhada seguramente vai fazer com que na minha cozinha surja este docinho....e não haja barrete! Obrigada e um beijinho

    ResponderEliminar
  17. Olá, esta compota parece ser mesmo deliciosa :)
    Gostaria de fazer esta deliciosa receita para oferecer como prenda de Natal :), só tenho duas dúvidas... Posso colocar menos açúcar e se retirar os cravos da índia faz muita diferença.
    Agradeço uma resposta o mais breve possível.
    Mil vezes obrigada.

    ResponderEliminar
  18. Anónimo,

    Peço imensa desculpa, mas só hoje li a mensagem... :(

    De qualquer forma, embora com grande atraso, na esperança de que não tenha desistido de fazer a receita por falta de resposta, posso dizer-lhe que pode "temperar" o doce a gosto, pondo só canela e retirando o cravinho. Quanto ao açúcar, pode juntar menos, mas a diminuição da quantidade de açúcar poderá obrigar a mais tempo de fogão para obter o ponto desejado (ou então a compota ficará mais líquida), por outro lado, tenha em atenção que quanto menos açúcar levar, menor será o prazo de validade.

    beijos

    ResponderEliminar

A sua opinião conta: comente, sugira alterações, pergunte e tempere a gosto.

Qualquer dúvida, não hesite em perguntar. Tentarei responder a todos os comentários e prestar esclarecimentos aqui no blogue ou via email.