Este gosto por comer estava certamente inscrito no meu código genético, caso contrário como é que é possível que, com 3 anos, ficasse com aftas por comer queijo S. Jorge ou que, aos 4, propusesse aos meus pais: “Vamos pesticar?”. Traduzindo para linguagem de adulto: “Vamos petiscar?”. E o que estaria eu, do alto dos meus 4 anos, a sugerir? Que os meus pais partilhassem comigo uma malga de papa Cerelac ? Não! Eu já não era um bebé! Comer gomas? Frio. Isso é demasiado “moderno”... uma fatia de marmelada feita pela avó bastava para nos arrancar o maior dos sorrisos. Uma happy meal no “palhacinho”? Gelado! No meu tempo, o que comíamos eram hambúrgueres caseirinhos, daqueles mesmo só com carninha de vaca, passados por manteiga verdadeira.
O que eu queria é que me levassem à tasca – sim, à tasca. E para quê? Para comer moelas! Ai como eu adorava sentar-me naqueles bancos... Não chegava com os pés ao chão, e ficava com a cabeça ao nível do tampo da mesa, mas ali, na tasca, à mesa com os crescidos, sentia-me bem importante. Molhava o pão no molhinho, lambuzava os dedos, pingava a camisola, limpava a boca com as costas da mão, bebia um golo de Trinaranjus... E, assim, saboreava dos momentos mais felizes da minha infância.
Com esta pequena estória respondo ao desafio da Sofia que comanda um blogue muito especial – bem escrito, bem-humorado, com óptimas receitas – e que acompanho regularmente. Ha'baday tu iu (feliz aniversário) No Reino da Prússia!
Ingredientes:
750 g de moelas
2 colheres de sopa de azeite
1 folha de louro
1 cebola
1 dente de alho
1 dl de vinho branco
1 dl de vinho do Porto
1 lata de tomate pelado (só os tomates)
Sal
Massa de malagueta (molho picante ou piripiri)
1 pitada de cominhos
Nota: que me perdoem os mais puristas, mas costumo usar a panela de pressão para agilizar o processo. Só há que ter cuidado para não deitar demasiado líquido, caso contrário, as moelas não ficam apuradinhas e com o molhinho espesso.
Limpar muito bem as moelas e cortá-las a meio (se forem grandotas). Refogar a cebola e o alho no azeite. Juntar o louro e as moelas e deixá-las ganhar cor. Adicionar os temperos, os vinhos e os tomates. Depois é fechar a panela de pressão, deixar apitar e, a partir do apito, contar 20 minutos. Antes de abrir a panela, não se esqueçam de que o vapor deve ser totalmente libertado. Servir as moelinhas polvilhadas com salsa picada e acompanhadas com pão. É permitido lambuzar os dedos!
Querida Pipoka!
ResponderEliminarArrancaste-me uma bela gargalhada com a imagem de uma pequena pipoka a dizer "vamos petiscar!" LOL! E moelas! Eu adoro moelas, adoro petiscar, perco-me nas tasquinhas, mas confesso que a minha unica experiencia atras do avental com as moelas foi pra esquecer! Mas agora ja tenho a receita e hei-de experimentar em breve!
A tua estoria lembrou-me a minha filhota, que quando ve uma mesa de cafe, diz "comida", quer sentar-se e beber cha na chavena de espresso!
Pipoka, obrigada de coracao pela tua participacao com uma estoria e uma receita deliciosas!!!
Muitos beijinhos!
Sofia
Amiga, que post delicioso!
ResponderEliminarVamos pesticar, é do melhor. :)
A foto está uma tentação.
Beijinhos. :)
Tu gostavas era de molhar o "pãezinho", que eu bem sei :)
ResponderEliminarQue post bonito, amiga. Não gosto de moelas, mas gosto muito de ti e da forma como escreves.
Beijo grande *
Mariana
Adorei o post! Muito bem-humorado que é do que precisamos para comer! Boa disposição! O tacho também me conquista! E, se pudesse, também metia o meu pão nesse molhinho! ( a ideia do vinho do Porto intrigou-me e aguçou-me o apetite!) Um Beijinho
ResponderEliminarMoelas também é petisco da minha infância e, cá em casa, também usamos a panela de pressão. Há que ser prático :)
ResponderEliminarEu também alinho nesse petisco :)
ResponderEliminarConsigo ver o filme todo através das tuas palavras, lindo!
Beijocas
Manuela
é dos meus petiscos preferidos, adoro ! sempre que vejo uma receita de moelas fico logo a salivar.
ResponderEliminarbjkas
Histórias das nossas vidas, recordações que levamos até ao fim das nossas vidas.
ResponderEliminarQuanto às moelas se forem muito bem cozinhadas e com um molho bem forte convencem-me, caso contrário não alinho. Mas com essas memórias de infância acredito que a receita tenha sido aprumada a rigor. Também petiscava!
Adoro moelas! E este post fez-me lembrar que tenho de pedir à minha mãe a receita das dela, que também são de comer e chorar por mais.
ResponderEliminarE claro, gostei deste divertido flashback à tua infância ;-)
Bjs
Teresa
mais uma para ir petiscar era UMA DELICIA VER ESTA TACINHA DE MOELAS AGORA AQUI A MINHA FRENTE.
ResponderEliminarbeijinhos e
Pipoka que belas recordações que vêm junto com esse prato, eu também sou louca por um belo petisco e alinho sempre numas moelas...ainda hoje comprei para petiscar no fim de semana
ResponderEliminarbeijos grandes
Cá em casa gostamos muito de moelas. A minha filhota, com os mesmo 4 anos, comia-as bem picantes...
ResponderEliminarA ideia do vinho do porto deve lhe dar um toque especial., Para a próxima irei acrescentar de certeza.
Obrigada Beijinhos